Planta amazônica em gel para cicatrização de feridas em pacientes com câncer
O Crajiru é uma planta medicinal comum na Amazônia, também muito conhecido como Pariri. Seu nome científico é Arrabidaea chica Verlot e pertence à família Bignoniaceae.
Muito utilizado pelos índios da Amazônia, o Crajiru possui diversos benefícios para a prevenção e tratamento de doenças. Por conta dessas ações conhecidas pela cultura popular e indígena, ele é muito estudado, tanto aqui no Brasil quanto em outros países. Esses estudos acabam comprovando o uso da planta pela medicina popular e descobrindo seus compostos ativos e formas de ação.
O Crajiru é uma erva medicinal arbustiva e trepadeira. Seus ramos são subtetragonos e suas folhas são compostas e trifoliadas, de fólios oblongo lanceoladas. Quando secas, as folhas adquirem uma coloração avermelhada. Suas flores são campanuladas e de cores rosa ou lilás, em panículas terminais medindo entre 18 e 20 cm de comprimento.
Outros nomes populares do Crajiru são: carajurú, crajurú, cipó cruz, paripari, capiranga, grajirú, guarajurupiranga, piranga, calajouru, karajura, krawiru, carajiru, cajuru, crejeru, oajuru, crejer, chica, cricket-vine e puca panga.
Ele cresce na África, América Central e América do Sul, desde o México até o Brasil. Mesmo prevalecendo na região Amazônica, o Crajiru nasce até o Rio Grande do Sul nas regiões de Mata Atlântica e Cerrado.
As partes utilizadas para fim terapêutico são as folhas. Que podem ser ingeridas na forma de chá, tintura ou cápsulas.
Além do uso fitoterápico, o Crajiru também é usado como corante. Suas folhas, quando passam por um processo de fermentação com anileira (Indigofera spp), soltam um corante vermelho-tijolo ou vermelho-escuro lipossolúvel, que os índios da Amazônia usam para pintar o corpo e utensílios. Esse corante também é usado para tingir algodão e é exportado em pequena quantidade com o nome de vermelho-americano. A substância responsável por essa coloração avermelhada é a 3-desoxiantocianidinas (Carajurina e Carajurona), também responsável por alguns dos benefícios do Crajiru.
Desde muitos anos atrás, o Crajiru é usado pelas tribos indígenas para tratar diversas doenças, tanto na forma de chá quanto na forma de cataplasma para evitar ataque de insetos. Por causa de seu vasto uso popular, o Pariri é usado em diversas pesquisas que buscam descobrir sua composição e comprovar seus benefícios.
Vários compostos bioativos foram descobertos nas folhas de Crajiru. Veja abaixo os principais:
- Ácido anísico
- Compostos Fenólicos
- Taninos
- Ferro assimilável
- Cianocobalamina (Vitamina B12)
- 3-desoxiantocianidinas (Carajurina, Carajurona)
- Antocianinas
- Flavonoides (Kaempferol)
- Antraquinonas
- Esteróides
- Triterpenos
- Saponinas
Com o levantamento de pesquisas, podemos citar vários benefícios do uso da planta. Veja abaixo para que serve o Crajiru.
- Antianêmico
- Anti-hipertensivo e vasorrelaxante
- Anti-hepatotóxico
- Antioxidante
- Antitumoral e pró-apoptótica
- Antimicrobiano (bactérias, fungos e leveduras)
- Antiparasitário (leishmania e trypanosoma)
- Anti-inflamatório e antinociceptivo
- Antiangiogênico
- Cicatrizante e adstringente
- Antiulcerogênico
- Diurético
- Imunomodulador
Além disso, o Crajiru tem potencial para possíveis tratamentos contra veneno de cobra. Em uma pesquisa, foi relatado que o extrato utilizado inibiu até 92,52% do veneno da cobra Crotalus após 6 horas de exposição por via intraperitoneal
Para produzir o gel, os cientistas coletaram folhas da planta em diferentes regiões do país e cultivaram sob condições controladas. Aquelas com maior teor de antocianinas — pigmento responsável pela cor vermelha — demonstraram os melhores efeitos antioxidantes e anti-inflamatórios.
Além de acelerar a cicatrização, o gel mucoadesivo também possui efeito anestésico e sabor semelhante ao chá preto.
- Folhas frescas de crajiru: quantidade suficiente para encher um recipiente de vidro. As folhas verdes produzem o líquido vermelho característico.
- Óleo vegetal de boa qualidade: (ex: óleo de coco, azeite de oliva ou óleo de girassol) suficiente para cobrir as folhas.
- Cera de abelha (opcional): para dar consistência de pomada.
Equipamento:
- Pote de vidro com tampa
- Panela para banho-maria
- Pano de algodão ou gaze para coar
- Recipiente para armazenar a pomada final
Modo de Preparo:
- Higienização e Preparo das Folhas: Lave bem as folhas de crajiru e pique-as em pedaços bem pequenos para extrair mais propriedades. Deixe-as secar levemente para evitar excesso de água no preparo.
- Infusão a Frio (preferencial): Coloque as folhas picadas no pote de vidro e cubra completamente com o óleo vegetal. Tampe e deixe infusionar por, no mínimo, duas semanas em local fresco e escuro, agitando diariamente. Esse método preserva melhor os compostos sensíveis ao calor.
- Infusão a Quente (método mais rápido): Se preferir um método mais rápido, coloque as folhas picadas e o óleo em uma panela em banho-maria (não diretamente no fogo) por cerca de 1 hora. Não deixe a água ferver vigorosamente e evite que a temperatura do óleo ultrapasse 60°C. O calor excessivo pode danificar algumas propriedades.
- Coagem: Após o período de infusão (frio ou quente), coe o óleo através de um pano limpo ou gaze, espremendo bem as folhas para extrair todo o líquido. Descarte o material vegetal.
- Adição de Cera de Abelha (se desejar consistência de pomada): Para transformar o óleo em pomada, retorne o óleo coado para a panela em banho-maria. Adicione cera de abelha em proporção de aproximadamente 1 parte de cera para 5 a 7 partes de óleo (essa proporção pode ser ajustada para a consistência desejada). Aqueça suavemente até a cera derreter completamente e misturar-se ao óleo.
- Armazenamento: Despeje a mistura em um recipiente limpo e esterilizado e deixe esfriar até solidificar.
- Conservação: Armazene em local fresco e escuro. A validade é de aproximadamente 3 a 6 meses, dependendo dos ingredientes e condições de higiene no preparo.
- Aplicação

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